A leitura dos textos propostos coloca-nos perante a
imperiosa e inevitável necessidade de mudança, ao mesmo tempo que nos indica
uma série de caminhos possíveis e aparentemente fáceis. Confesso que após a sua
leitura me sinto capaz de realizar a mudança, sinto vontade de o fazer e sou
assaltada por inúmeras atividades que me parecem tentadoras e exequíveis.
No entanto, a realidade é bem diferente: entre o que faço e
sou capaz de fazer e o que gostaria de fazer. As bibliotecas onde trabalho não
são Bibliotecas 2.0. Há um catálogo informatizado que não é consultado. Há um
blogue onde não há interatividade, onde não há participação do utilizador.
Apesar de orientar nas pesquisas, de alertar para a necessidade de segurança na
internet, de formar o utilizador, de considerar as novas tecnologias parte
integrante da Biblioteca, não coordeno uma Biblioteca 2.0.
Da extrema vontade em mudar as coisas, caio de repente numa
certa apatia. Como realizar a mudança na “minha” Biblioteca? Como oferecer uma
biblioteca centrada no utilizador, com experiências multimédia, socialmente
rica e comunitariamente inovadora (Maness, 2007)? Como desenvolver o ensino-aprendizagem nesse
contexto? Como envolver os alunos e, sobretudo, como envolver os colegas?
O desafio que se coloca é claro: acompanhar os tempos
atuais, explorar as potencialidades da Web 2.0 e tornar a biblioteca algo mais
do que a instituição antiga e de regras bem definidas que existe há séculos.
A Internet veio para ficar e evolui todos os dias. Se a
perspetivarmos como a biblioteca livre que de facto é, então olharemos para ela
de outra forma, como um manancial de informação disponível para consulta e
partilha, aberta à criação e à colaboração, que poderemos “destilar” (Maness, 2007) , etiquetar e
arquivar para posterior consulta, e iremos querer incluí-la nos nossos serviços
e explorá-la ao máximo.
Das MI, aos blogs,
wikis, mashups, redes sociais, taggings
e RSS feeds, há uma fonte abundante de oportunidades a explorar. Seria fácil
utilizar a rede social por excelência, o Facebook,
no entanto, há uma certa ambiguidade relativamente o seu uso no que diz
respeito às orientações do Ministério da Educação e Ciência, uma vez que a sua
consulta foi condicionada nas escolas durante um certo período do dia. Confesso
também que o uso que os alunos fazem das redes sociais e da Internet é maioritariamente
lúdico, o que faz com que eu, imigrante digital e educadora, considere que esse
uso não é útil para a sua formação académica. Não pertenço a esta geração e não
percebo que esta forma de interação de pessoas é tão válida como a interação presencial
e que, para os jovens, uma não elimina a outra.
Há, portanto, que contornar esse uso maioritariamente lúdico
e torná-lo académica e pedagogicamente útil. A Biblioteca deverá ser procurada
porque permite uma utilização da Web 2.0 em todas as suas vertentes. Mas como?
Como fazer com que os alunos (e professores) colaborem, partilhem, comentem,
utilizem a Biblioteca nesta vertente e criem uma biblioteca que reflita os seus
interesses?
A minha reflexão não aponta caminhos. Revela isso sim muitas
dúvidas, questões, incapacidades. Como referi no início, da vontade de
introduzir a mudança chego à quase imobilidade, face à portentosa tarefa com
que me deparo e face à dimensão da Internet e da Web 2.0.
Tenho para mim que é a partir da constatação do problema, da
colocação da questão e da reflexão que damos o primeiro passo no sentido da
mudança. Esse primeiro passo está dado. Agora segue-se uma série de passos mais
pequenos, mas constantes, na direção certa.
Referências bibliográficas
Furtado, C. C. (jul./dez. de 2009). Bibliotecas
Escolares e web 2.0: revisão da literatura sobre Brasil e Portugal. Em
questão , v.15, pp. 135-150.
Maness, J. M.
(jan./abr. de 2007). Teoria da Biblioteca 2.0: Web 2.0 e suas implicações para
as bibliotecas. Informação e Sociedade: estudos , v.17, pp.
43-51.
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