A necessidade de sermos
detentores de competências em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) é
um aspeto incontornável na sociedade actual. A capacidade de saber pesquisar,
seleccionar, rentabilizar e utilizar toda a informação que está disponível, bem
como a capacidade de colaborar, comunicar, partilhar e criar mais informação
são fundamentais. Na escola, na universidade, no local de trabalho e no lazer
as potencialidades existentes são imensas e o facto de não se acompanhar os
sinais dos tempos pode constituir (e no futuro constituirá com certeza) fator
de exclusão social e profissional.
Tendo por base esta constatação e
sabendo que a escola não pode alhear-se das novas tecnologias, devendo mesmo
ensiná-las, socorrer-se delas para ensinar, motivar os alunos e atualizar o
ensino, foram criadas as Metas de Aprendizagem
em TIC. Estas metas pretendem orientar o professor em termos de estratégias
de ensino e avaliação com vista à inclusão das TIC no processo de
ensino-aprendizagem. No fundo, pretende-se dotar o professor de ferramentas
práticas, de estratégias concretas e formas objectivas de aferir resultados, de
modo a que aquele saiba como e quando utilizar as TIC e qual o seu objetivo.
As ferramentas propostas nas
metas pretendem também demonstrar como as TIC são transversais ao currículo.
Podem, e devem, ser utilizadas por cada docente na sua área curricular e
constituirão, com toda a certeza, recursos importantes, mobilizadores de e
motivadores para os alunos, permitindo o seu desenvolvimento e a compreensão da
utilidade das TIC na aprendizagem e do potencial que as inúmeras ferramentas
encerram.
As Metas de Aprendizagem em TIC visam também preencher a lacuna do Currículo
nacional em termos de uso das TIC. Apesar de haver normativos que referem a
premência da sua utilização / integração, bem como a sua transversalidade, o
currículo é bastante omisso.
As quatro principais áreas de competência em TIC são Informação, Comunicação, Produção e Segurança. Assim, os alunos deverão desenvolver competências ao nível da pesquisa e gestão de informação, aprender a comunicar com recurso às novas tecnologias, produzir informação e conhecimento e saber lidar com os aspetos éticos e de segurança que estão envolvidos no recurso às novas tecnologias. O seu desenvolvimento deverá ser feito ao longo da escolaridade, em grau crescente de complexidade.
Para os professores
bibliotecários em concreto, as Metas de
Aprendizagem em TIC constituem uma ferramenta orientadora muito importante,
que com facilidade se torna uma forma de articulação do seu trabalho com as
outras áreas disciplinares. Todo o trabalho de pesquisa e seleção de
informação, trabalho colaborativo, produção de documentação e conhecimento de
normas de segurança e ética na utilização da informação, são aspectos que dizem
directamente respeito à Biblioteca Escolar e ao trabalho que desenvolve. O
referencial Aprender com a Biblioteca
Escolar da RBE reforça esta ideia quando refere que “com a introdução e
desenvolvimento das TIC, as bibliotecas escolares viram a sua intervenção e
papel reforçado”.
Nesse sentido, e pelo facto de as
TIC constituirem um desafio e uma realidade, o referencial inclui nas suas
estratégias de operacionalização dos três tipos de literacias - informação, media e leitura -, o
recurso a ferramentas digitais e explora claramente a forma de as utilizar,
visando desenvolver competências nos alunos, facilitar o trabalho, motivar,
introduzir inovação e desenvolver nos alunos a adaptação a um mundo tecnológico
em constante evolução e mudança. Assim, os quatro domínios das Metas - informação, comunicação, produção e segurança - são todos trabalhados no
referencial, durante a promoção e desenvolvimento das literacias. Em suma, o
referencial rentabiliza e desenvolve as competências em TIC enquanto desenvolve
as literacias.
Anteriormente já refleti sobre as
dificuldades de inclusão das TIC no currículo e quais os motivos pelos quais
isso acontece. Há uma série de fatores, entre os quais se encontra a reticência
por parte dos docentes em sair das suas práticas habituais e pessoalmente
instituídas e ser capaz de ousar. No entanto, com instrumentos orientadores
como as Metas de Aprendizagem em TIC
e o referencial Aprender com a Biblioteca
Escolar o caminho torna-se mais fácil e claro e os motivos impeditivos da
mudança perdem força.
O Professor Bibliotecário deverá
neste caso ser um motor, divulgando os dois documentos e, sustentando-se neles,
sugerindo e articulando atividades que promovam as TIC. O Professor Bibliotecário
deverá ser um impulsionador e divulgador das suas potencialidades e vantagens.
O recurso às TIC na escola faz
todo o sentido e deverá constituir uma prioridade. Para os mais
tradicionalistas, poderá constituir uma não prioridade, mas na minha opinião
trata-se de uma perspetiva errada e ultrapassada.
As TIC e a escola, a inovação e a
tradição, devem andar juntas, já que em ambas há vantagens. Não podemos ser
redutores. Devemos sobretudo pensar nos nossos alunos e no seu futuro na
sociedade da informação e na responsabilidade que a escola deve ter em
prepará-los.
PORTUGAL. Ministério da Educação e
Ciência. Gabinete da Rede Bibliotecas Escolares. Portal RBE: Aprender com a
biblioteca escolar [Em linha]. Lisboa: RBE, atual. 20-11-2012. [Consult. 02-12-2014]
Disponível em WWW: <URL: http://www.rbe.mec.pt/np4/referencial
.html>
PORTUGAL. Ministério da Educação e Ciência.
Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular. Metas de aprendizagem
em TIC [Em linha]. Lisboa : 2010. [Consult. 02-12-2014] Disponível em WWW:
<URL: http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/6567/1/MetasTICpublicadas.pdf >