terça-feira, 2 de dezembro de 2014

As TIC, o Currículo e as Bibliotecas Escolares

A necessidade de sermos detentores de competências em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) é um aspeto incontornável na sociedade actual. A capacidade de saber pesquisar, seleccionar, rentabilizar e utilizar toda a informação que está disponível, bem como a capacidade de colaborar, comunicar, partilhar e criar mais informação são fundamentais. Na escola, na universidade, no local de trabalho e no lazer as potencialidades existentes são imensas e o facto de não se acompanhar os sinais dos tempos pode constituir (e no futuro constituirá com certeza) fator de exclusão social e profissional.

Tendo por base esta constatação e sabendo que a escola não pode alhear-se das novas tecnologias, devendo mesmo ensiná-las, socorrer-se delas para ensinar, motivar os alunos e atualizar o ensino, foram criadas as Metas de Aprendizagem em TIC. Estas metas pretendem orientar o professor em termos de estratégias de ensino e avaliação com vista à inclusão das TIC no processo de ensino-aprendizagem. No fundo, pretende-se dotar o professor de ferramentas práticas, de estratégias concretas e formas objectivas de aferir resultados, de modo a que aquele saiba como e quando utilizar as TIC e qual o seu objetivo.

As ferramentas propostas nas metas pretendem também demonstrar como as TIC são transversais ao currículo. Podem, e devem, ser utilizadas por cada docente na sua área curricular e constituirão, com toda a certeza, recursos importantes, mobilizadores de e motivadores para os alunos, permitindo o seu desenvolvimento e a compreensão da utilidade das TIC na aprendizagem e do potencial que as inúmeras ferramentas encerram.

As Metas de Aprendizagem em TIC visam também preencher a lacuna do Currículo nacional em termos de uso das TIC. Apesar de haver normativos que referem a premência da sua utilização / integração, bem como a sua transversalidade, o currículo é bastante omisso.

As quatro principais áreas de competência em TIC são Informação, Comunicação, Produção e Segurança. Assim, os alunos deverão desenvolver competências ao nível da pesquisa e gestão de informação, aprender a comunicar com recurso às novas tecnologias, produzir informação e conhecimento e saber lidar com os aspetos éticos e de segurança que estão envolvidos no recurso às novas tecnologias. O seu desenvolvimento deverá ser feito ao longo da escolaridade, em grau crescente de complexidade.

Para os professores bibliotecários em concreto, as Metas de Aprendizagem em TIC constituem uma ferramenta orientadora muito importante, que com facilidade se torna uma forma de articulação do seu trabalho com as outras áreas disciplinares. Todo o trabalho de pesquisa e seleção de informação, trabalho colaborativo, produção de documentação e conhecimento de normas de segurança e ética na utilização da informação, são aspectos que dizem directamente respeito à Biblioteca Escolar e ao trabalho que desenvolve. O referencial Aprender com a Biblioteca Escolar da RBE reforça esta ideia quando refere que “com a introdução e desenvolvimento das TIC, as bibliotecas escolares viram a sua intervenção e papel reforçado”.

Nesse sentido, e pelo facto de as TIC constituirem um desafio e uma realidade, o referencial inclui nas suas estratégias de operacionalização dos três tipos de literacias - informação, media e leitura -, o recurso a ferramentas digitais e explora claramente a forma de as utilizar, visando desenvolver competências nos alunos, facilitar o trabalho, motivar, introduzir inovação e desenvolver nos alunos a adaptação a um mundo tecnológico em constante evolução e mudança. Assim, os quatro domínios das Metas - informação, comunicação, produção e segurança - são todos trabalhados no referencial, durante a promoção e desenvolvimento das literacias. Em suma, o referencial rentabiliza e desenvolve as competências em TIC enquanto desenvolve as literacias.

Anteriormente já refleti sobre as dificuldades de inclusão das TIC no currículo e quais os motivos pelos quais isso acontece. Há uma série de fatores, entre os quais se encontra a reticência por parte dos docentes em sair das suas práticas habituais e pessoalmente instituídas e ser capaz de ousar. No entanto, com instrumentos orientadores como as Metas de Aprendizagem em TIC e o referencial Aprender com a Biblioteca Escolar o caminho torna-se mais fácil e claro e os motivos impeditivos da mudança perdem força.

O Professor Bibliotecário deverá neste caso ser um motor, divulgando os dois documentos e, sustentando-se neles, sugerindo e articulando atividades que promovam as TIC. O Professor Bibliotecário deverá ser um impulsionador e divulgador das suas potencialidades e vantagens.
O recurso às TIC na escola faz todo o sentido e deverá constituir uma prioridade. Para os mais tradicionalistas, poderá constituir uma não prioridade, mas na minha opinião trata-se de uma perspetiva errada e ultrapassada.

As TIC e a escola, a inovação e a tradição, devem andar juntas, já que em ambas há vantagens. Não podemos ser redutores. Devemos sobretudo pensar nos nossos alunos e no seu futuro na sociedade da informação e na responsabilidade que a escola deve ter em prepará-los.



PORTUGAL. Ministério da Educação e Ciência. Gabinete da Rede Bibliotecas Escolares. Portal RBE: Aprender com a biblioteca escolar [Em linha]. Lisboa: RBE, atual. 20-11-2012. [Consult. 02-12-2014] Disponível em WWW: <URL: http://www.rbe.mec.pt/np4/referencial .html>

PORTUGAL. Ministério da Educação e Ciência. Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular. Metas de aprendizagem em TIC [Em linha]. Lisboa : 2010. [Consult. 02-12-2014] Disponível em WWW:
<URL: http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/6567/1/MetasTICpublicadas.pdf >

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